“De tanto ler palavras, nunca
mais reparamos nas letras. E de tanto ler frases, nunca mais notamos as
palavras, com todo o seu mistério” (Veríssimo,2001, 114).
O
desenvolvimento humano é um processo fascinante e paradoxal conforme o trecho “De
tanto ler palavras, nunca mais reparamos nas letras. E de tanto ler frases,
nunca mais notamos as palavras, com todo o seu mistério”
(Veríssimo,2001, 114). A construção do saber acontece à medida que interagimos
e vivenciamos experiências as quais produzirão aprendizado nas diversas áreas.
Um processo com rupturas e reorganizações.
Herdamos
uma educação bancaria diretiva, exclusiva, voltada para os interesses de uma
classe, herança que trouxe prejuízo para a educação brasileira e conseqüências
que repercutem até os dias de hoje. Salas de aulas com carteiras enfileiradas,
onde o professor é o centro do conhecimento e os alunos passivos ouvintes, são
condicionados a decorar conteúdos e não desenvolver a sua própria identidade.
Ao
contrário da proposta da escola nova que provoca o pensar, promove ao individuo
a possibilidade de desenvolver sua identidade e se colocar como cidadão com uma
opinião formada por si mesmo, pela pesquisa, pela descoberta do saber.
A
escola nova promove a construção de um olhar a partir dos fundamentos da psicologia,
da sociologia, da história e da filosofia, nos permite a conscientização de que
a educação é um direito de todos, e como seres inacabados que somos a cada
experiência agregamos conhecimento.
Do ponto de vista do fundamento da
psicologia aprendemos que é possível e necessário um diálogo entre a psicologia
e a educação, e que a psicologia nos fornece subsídios preciosos para
diagnosticar o desenvolvimento da aprendizagem e que o mesmo acontece nas áreas:
cognitiva, afetiva, lingüística, social
e motora, ou seja, de forma interligada. O desenvolvimento não é somente o
biológico, mas acontece também nas áreas psíquicas e culturais e assim não
podemos entender que essas áreas se desenvolvam de forma fragmentada.
É um processo dinâmico, imprevisível
e situado. Marcado por fases que se contrapõem, ou seja, rupturas e constantes
reorganizações que cada individuo vai experimentando ao longo da sua vida. Esse
processo nunca termina “somos seres inacabados” e vamos construindo conceitos a
partir das nossas experiências nas diversas áreas da vida.
Do ponto de vista do fundamento da
historia vimos uma educação que inicialmente era uma ferramenta utilizada para
condicionar a população para que se submetesse aos interesses de Portugal, uma
situação que se repete ao longo da história. Influenciados pelo iluminismo
muitos intelectuais passam a ter uma nova forma de pensar a educação, Marques
de Pombal é influenciado pelo Iluminismo Hídrico, com o objetivo de promover
uma educação laica que também serviria para atender as necessidades da
metrópole. Com surgimento da escola normal as mulheres passam a ter um papel
importante na educação.
Na
década de 90 acontece a ascensão das políticas neoliberais, que sugeriam que quanto maior fosse a influencia
do estado sobre o povo, maior seria a possibilidade da democracia. A elite
brasileira encaminha seus filhos para cursarem o ensino básico em escolas
privadas que ofereceriam um ensino de qualidade possibilitando o ingresso dos
mesmos nas universidades publicas o que não acontecia com os estudantes do
ensino básico publico.
De uma
perspectiva neoliberal os sistemas educacionais estão enfrentando uma crise de
eficiência, de produtividade e dificuldades para atingir objetivo.
A
partir do fundamento da sociologia percebemos que a sociologia da educação
surge com uma meta de projetar a melhoria social, no entanto como podemos
constatar no fundamento da historia vários fatores tem prejudicado a sociologia
de cumprir o seu papel e a meta hoje tem sofrido um declínio, a saber: a burocracia,
condições precárias para os professores trabalhar, a sobrecarga de trabalho,
alunos que não cumprem seu papel cultural, desvalorização dos profissionais da
educação, e etc.
As
relações sociais conflituosas em ascensão e as relações de cooperação cada vez
mais estão se enfraquecendo, uma maioria de seres adaptáveis que se condicionam
a viver a margem do conhecimento, “uma sociedade vazia, sem conteúdos”.
Concluímos com a contribuição da filosofia que
provoca uma discussão e compreensão da teoria e da pratica no contexto da
educação brasileira, da relação entre o que se conhece com aquilo que se faz
intelectualmente e tirar a essência daquilo o que tem praticado.
“Creio em seres humanos e educadores
que promovem encontros criativos e provocativos, inconformados com a conformidade...
Transformar através do conhecimento... da entrega total” (trecho poesia prof. Paulo Cesar Correa)
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